19 setembro, 2009

As mulheres e os banheiros públicos

Minha mãe ficava histérica com os banheiros públicos. Quando pequena, me levava ao banheiro, me ensinava a limpar a tampa do vaso com papel higiênico e a cobrir cuidadosamente, com tiras de papel em toda a borda. Finalmente me instruía:

– "Nunca, nunca se sente em um banheiro público". Logo me mostrava "a posição" que consiste em se equilibrar sobre o vaso em uma posição de sentar sem que o corpo entre em contato com o vaso. Isso foi há muito tempo, mas ainda hoje em idade adulta, "a posição" é dolorosamente difícil de manter quando a bexiga está quase estourando.

Quando você tem que ir a um banheiro público, sempre encontra uma fila de mulheres que te faz pensar que as cuecas do Brad Pitt estão à venda pela metade do preço. E assim espera pacientemente e sorri amavelmente às outras mulheres que também estão discretamente cruzando as pernas.
Finalmente é a sua vez, você olha cada cubículo por baixo da porta pra ver se não há pernas. Todos estão ocupados, mas finalmente uma porta se abre e você entra quase jogando a pessoa que está saindo. Você entra e percebe que o trinco não funciona, mas não importa… Pendura a bolsa no gancho que tem atrás da porta e, se não tem gancho, você a pendura no pescoço mesmo, enquanto se equilibra, sem contar que a alça da bolsa quase corta a sua nuca, porque está cheia de porcarias que você foi jogando dentro, das quais não usa a maioria, mas as tem aí, para o caso de "e se eu precisar?"

Mas, voltando à porta… como não tinha trinco só lhe queda a opção de segurá-la com uma mão, enquanto com a outra você abaixa a calcinha e fica "na posição". Alívio… ahhhhhh… mais alívio, aí é quando suas pernas começam a relaxar e você adoraria sentar, mas não teve tempo de limpar o vaso e nem cobrir com papel, nessa hora você quase tem um treco de tão aliviada, e aí dá uma desequilibrada e erra a mira. Pronto, o suficiente pra ficar molhada até as meias, e é obvio que dá pra notar. Para afastar o pensamento dessa desgraça, você procura o rolo de papel higiênico … maaaas… hehehe, o rolo tá vazio! E as suas pernas continuam querendo relaxar. Aí você lembra de um pedacinho de papel que tá na bolsa, meio usado porque você já limpou o nariz com ele, mas vai ter que servir, você amassa ele pra absorver o máximo possível, mas ele é muito pequeno.

Alguém empurra a porta e, como o trinco não funciona, você recebe uma baita portada na cabeça e prontamente grita "tem genteeeeee" enquanto continua empurrando a porta com a mão livre, o pedacinho de papel que você tinha na mão cai exatamente em uma pequena poça que tinha no chão e você não sabe se é água ou xixi… De repente um desequilíbrio e você cai sentada no vaso. Se levanta rapidamente, mas já é tarde, seu traseiro já entrou em contato com todos os germes e formas de vida do vaso porque não o cobriu com papel higiênico, que de qualquer maneira não havia, mesmo se você tivesse tido tempo de fazer isso.

Sem contar o golpe na cabeça, o quase corte na nuca pela alça da bolsa, a espirrada de xixi nas pernas e nas meias, que ainda estão molhadas… a lembrança de sua mãe que estaria terrivelmente envergonhada de você, porque o traseiro dela nunca sequer tocou o assento de um banheiro público, porque francamente, "você não sabe que tipo de doença poderia pegar ali".

Mas a aventura, aliásm desventura ainda não terminou. Agora a descarga do banheiro, que tá tão desregulada que jorra água como se fosse uma fonte e manda tudo pro esgoto com tanta força que você tem que se segurar no porta-papel (quando tem) com medo de que aquele negócio te leve junto e te mande pra China. Até que finalmente você se rende, ensopada pela água que saiu da privada como uma fonte. Exausta, tenta se limpar com uns papeizinhos de chiclete Trident que estavam na bolsa e depois sai discretamente para a pia. Você não sabe muito bem como funcionam as torneiras automáticas também, e então dá uma limpadinha nas mãos com saliva mesmo e seca com toalha de papel. E sai passando pela fila de mulheres que ainda estão esperando com as pernas cruzadas e nesse momento você é incapaz de sorrir cortesmente.

Uma alma caridosa no fim da fila te diz que você tá com um pedaço de papel higiênico do tamanho do rio Amazonas grudado no sapato. Você puxa o papel do sapato e joga na mão da mulher e lhe diz suavemente:

– "Toma! Você vai precisar!".

Nesse momento, seu namorado ou marido que usou o banheiro masculino e teve tempo de sobra pra ler "Guerra e Paz" enquanto esperava, te pergunta:

– "Uch… porque demorou tanto meu amor?"

É nessa hora que você sente a vontade de dar um chute no saco dele e mandá-lo pra PQP, mas se contém e apenas ri suavemente explicando a quantidade de mulheres na fila.

Dedicado a todas as mulheres de todas as partes do mundo que já tiveram que usar um banheiro público. E, finalmente explica a vocês, homens, porque nós demoramos tanto.

 

Fonte Uhull

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