Dia desses fui assistir ao Tropa de Elite pela nonagésima vez, a primeira no cinema. E juro que foi a última, por um simples motivo: não agüento mais. Cansou. Chega. As pessoas viram tanto esse filme, que quando passar na Globo deve ir direto pro Vale a Pena Ver de Novo em vez do Tela Quente. Nem o pessoal da favela viu tantas vezes o BOPE como ultimamente. Está em todo lugar. Viraram celebridades.
Antigamente chamavam o BOPE para emergências. Agora eles devem receber chamados pra qualquer coisa: festa de debutante, balada de ex-BBB, aniversário do Wolf Maya. Falta só eles subirem o morro para alguma operação especial e o Amaury Junior surpreender com uma tocaia, pedindo entrevista.
Se bobear, até traficante deve estar cometendo mais crime só para o BOPE aparecer no morro. Vendem mais droga, assassinam mais e depois divulgam:
“Não perca. Bope. Dias 11 e 12 no Morro da Mangueira”
“Venha viver as emoções do Tropa de Elite. Logo mais, depois do assassinato do Piolho”
“Noite de autógrafos com apresentação do Tropa de Elite. Dia 12 no Morro do Pavão. Tragam coletes”
Devido ao sucesso, imagina a confusão que ia dar se levassem o BOPE para a Ilha de Caras! Já pensou o BOPE junto com o Rafael Ilha?
- Seu maconheiro!!! Seu traficantezinho de merda. Pede pra sair. Pede pra sair. Quem é o vapor? Quem é o vapor?
-É o D2, é o D2.
O BOPE quando participava do carnaval era pra prender traficante; agora só pra ser destaque em carro alegórico. Ou, no caso, caveirão alegórico.
Sem contar que esses diálogos do Tropa de Elite já encheram. Não agüento mais alguém imitando policial. Daqui a pouco vai ficar natural em todo lugar que você for. Até em confessionário de igreja:
-Padre, cometi um erro grave.
-O que foi, meu filho?
-Ai, fico meio sem jeito.
-Pode falar, meu filho.
-Ai, não sei se posso.
-Coroinha, traz o saco... vamos ver se ele não vai falar agora.
Uma das vantagens de você ser uma celebridade policial é que você é seu próprio segurança. A outra é que vai ser muito difícil encontrar algum paparazzo doido o suficiente pra encher o seu saco.
Esses dias eu estava me perguntando qual o segredo de um filme brasileiro que só mostra gente pelada quando é tortura. A resposta é simples: Tropa de Elite consegue ser um filme policial sem parecer um filme policial. Sem planos mirabolantes, explosões, Dry Martinis e, principalmente, códigos especiais. Putz, como odeio códigos especiais. Operação taturana, operação arapuca, essas coisas.
Na minha cabeça não faz sentido algum. Eles acham mesmo que ninguém desconfia de nada quando dois “amigos” repentinamente falam em códigos?
- Eae? Quanto tempo.
- Pois é. Saudade de você.
- Verdade. Mas e aí? Touro sentado?
- Pois é. Boneca uivante. 13 graus.
- Tá certo. Um abraço.
- Abração.
Poxa, se você está ali do lado, tá na cara que vai rolar alguma merda já, já. Eu sairia correndo. Ninguém no mundo conversaria assim.
O importante é que Tropa de Elite é um sucesso. E, como todo sucesso, uma hora satura. Ou vai dizer que você ainda agüenta o Rei Roberto no fim de ano da Globo? O jeito agora é esperar as continuações ou, melhor que isso, as versões pornôs e seus sugestivos nomes. Já tô até imaginando: TROMPA de ELITE. Melhor ainda, chamar o astro pornô do momento e fazer o FROTA DE ELITE.
Fonte : OZBorges
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